domingo, 11 de março de 2012

Aula 3- O modelo IS- LM

Aula 3- O modelo IS- LM

O modelo IS-LM resume a teoria keynesiana graficamente e de forma extremamente simplificada. Mas é parte do conhecimento básico de macroeconomia. Nest aula , fazemos uma revisão verbal deste modelo. O aluno deve estar preparado para trabalhar com os graficos.
Como a politica monetaria afeta a economia descrita por este modelo? A politica monetária altera o nivel geral de preços e a taxa de juros nominal ( e a taxa de juros real se as expectativas sobre taxa de inflação não forem afetadas pela plitica monetaria)
1/ P é o preço da moeda. Se em média os produtos componentes do PIB tem preço P, a moeda tem preço 1/ P.
A variação de M pode afetar P . Se P for afetado, nada muda na demanda agregada pois supomos que o consumo real é função da renda real e os investimentos são função da taxa de juros real .
Se a variação de M afetar a taxa de juros real , os investimentos aumentam. Para Keynes, os investimentos são extremamente variáveis-- dependem de expectativas sobre o futuro muito incertas. Resumindo, dependem de “ animal spirits” , dos humores dos capitalistas. No modelo IS- LM , os investimentos são função decrescente da taxa de juros mas não se pode esquecer que muitas outras variáveis são igualmente importantes.
Assim, quando o BC aumenta a quantidade de moeda , o unico efeito sobre a demand agregada vem atraves da redução da taxa de juros reais que aumenta os investimentos ( se estes forem sensiveis a taxa de juros real).
Na realidade , o aumento de liquidez pode influenciar consumo também se este estiver restringido por falta de crédito.
O aumento na oferta de meios de pagamento afeta a taxa de juros através da demanda de moeda. Com mais moeda, agentes economicos aumenta a quantidade retida de moeda para transações e especulação e a taxa de juros ( aqui, o custo de reter moeda) diminue, possibilitando o aumento de investimentos e consequentemente o aumento da demanda agregada.
Assim, no modelo, o aumento da oferta de meios de pagamentos aumenta a demanda agregada através da redução dos juros reais.
Isto só pode acontecer se:
a- a demanda de moeda não for infinitamente elastica com relação a taxa de juros(caso contrario, a taxa de juros não cai e os investimentos não aumentam).
b- os investimentos forem sensiveis a taxa de juros ( caso contrário, a demanda agregada não aumenta)
c- se as taxas de câmbio forem fixas e houver perfeita mobilidade de capital financeiro entre o pais e o resto do mundo, a taxa de juros nominal e real ( constante as expectativas de desvalorização cambial ou de inflação) NAO CAEM e a politica monetária não afeta a demanda agregada( a politica monetária se torna impotente como se estivessemos no regime do padrão ouro) .
d- se as taxas cambiais forem flutuantes, o aumento de M afeta a demanda agregada muito mais do que no caso anterior, pois além do efeito das taxas de juros, o aumento de M provoca desvalorização cambial o que aumenta as exportações e diminue as importações provocando um aumento da demanda agregada maior do que no caso de uma economia fechada.
Keynes propunha aumentar os gastos fiscais durante a crise de 30 pois afirmava que as taxas de juros eram muito baixas e a demanda de moeda infinitamente elastica, ou que os empresarios estavam pessimistas e a redução dos juros não estimularia os investimentos privados.
Na realidade, durante a crise de 30, eram as taxas cambiais fixas e a restrição de crédito decorrente que impediam o aumento da demanda agregada e a utilização da politica monetaria.
Até aqui discutimos como o aumento de M afeta a demanda agregada. É preciso considerar como o aumento de M afeta a produção.
O aumento de produção só ocorrerá se houver algum preço nominal rigido importante como os salários. Se isto acontecer, o aumento de M provoca aumento de P e a redução do salario real. Aumenta o emprego e a produção. Se os salarios forem nominalmente flexiveis o aumento de M causa aumento de P sem afetar a produção e o emprego.
A teoria keynesiana se apresenta como uma teoria geral , isto é, uma teoria que abrange o caso clássico como um caso especial.
O resultado classico-- a politica monetária não afeta a produção e o emprego-- ocorre quando: a) os salarios são flexiveis nominalmente ou b) a demanda de moeda não é elastica com relação a taxa de juros ou c) existe mobilidade de capital financeiro e a taxa de juros nominal e real é dada pelo mercado internacional.
Este modelo em versões mais complicadas ou completas organiza a discussão entre keynesianos e seus descendentes ( neoclassicos e neokeynesianos) e os classicos ( agora representados pelos monetaristas).
Os monetaristas passam a argumentar que a politica fiscal também é ineficaz( não produz aumento de demanda agregada ou de produção) pois o gasto fiscal sem aumento correspondente de aumento de M, aumenta as taxas de juros o que reduz os investimentos privados. Assim, o multiplicador de demanda agregada é menor do que seria se os juros ficassem inalterados. Se os juros subirem muito em reação aos gastos fiscais, o aumento de gastos publicos é totalmente compensado pela redução de investimentos privados. Há uma completa substituição entre investimento privado e gasto publico.
Mais tarde, argumentam que o aumento de gastos gera uma expectativa de aumento de impostos no futuro que os consumidores incorporam nos seus planos. Assim, o aumento de gastos ( ou a redução de impostos) é compensado por uma redução no consumo corrente e não gera aumento de demanda agregada.
A discussão entre monetaristas e neoclassicos ( ou entre classicos e keynesianos e todos os seus descendentes) sempre gira em torno desta questão: o governo consegue alterar a produção e o emprego ou não ?
Para os classicos, politica moentaria ou mesmo fiscal ou são ineficazes ou geram apenas inflação até que a economia volte ao seu estado anterior. Para os keynesianos, a politica monetaria e fiscal conseguem alterar o equilibrio da economia mesmo que seja por um periodo determinado de tempo. No longo prazo, a economia poderia voltar ao estado original em casos especiais. Mas o longo prazo é muito longo e “ todos estariamos mortos”.

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