segunda-feira, 12 de março de 2012

Aula 6 Money and Other Stores of Value

Money, Capital and Other Stores of Value (Monetary Theory: New and Old Looks)

James Tobin

O debate entre monetaristas e os neoclassicos é esclarecedor sobre o papel da moeda na economia.
Vimos como a demanda de dinheiro para transações é sensivel a taxa de juros se considerarmos a teoria dos estoques. A demonstração vai contra o ponto de vista dos classicos e da teoria quantitativa da moeda que supõe que o dinheiro é demandado como uma proporção fixa e constante da renda nominal.
Do outro lado Friedman no artigo sobre a Teoria Quantitativa tenta enquadrar a demanda por moeda como uma demanda por um ativo que seria função das taxas de retorno e das expectativas de ganhos ou perdas de capital. Assume que todas as taxas de retorno são constantes em termos reais e insensiveis a politica monetaria-- e neste caso, temos como resultado, a teoria quantitativa da moeda. Ou , em outras palavras: se as taxas de retorno reais dos ativos que concorrem com o dinheiro forem constantes, a teoria quantitativa da moeda é valida.
O debate entre monetaristas e neoclassicos, principalmente entre Tobin e Friedman é longo. E a afirmação de que o debate economico se vale da retorica, isto é, da arte de discutir e persuadir , tem nesta discussão um exemplo interessante.
Os monetaristas defendem a teoria quantitativa da moeda supondo que o governo provoque uma chuva de dinheiro na economia que geraria um efeito riqueza que aumentaria o consumo e consequentemente os preços. Este exemplo não é realista e nao mostra como funciona de fato a politica monetaria. Tobin, no artigo apresentado abaixo em lradução livre mostra que a politica monetaria se for baseada em uma compra de titulos publicos do setor privado e consequentemente uma alteração no portfolio do setor privado que teria mais papel moeda em poder do publico e menos titulo publico, não haveria efeito riqueza algum e sim uma alteração no setor privado com consequencias diferentes do que as previstas pela teoria quantitativas.
Se o aumento de base se originasse de gasto publico financiado por mais titulos e mais base monetaria o resultado tambem seria diferente do resultado da teoria quantitativa. O deficit publico precisa ser financiado por poupança privada, exige um esforço da população e não pode ser estudado a partir da hipoteses de chuva de dinheiro. O efeito de ambos os casos de politica monetaria é apresentado no artigo abaixo.
Os monetaristas não cedem . A evidencia empirica mostra que o nivel geral de preços é correlacionado com a oferta de meios de pagamentos e portanto não rejeitam a hipotese da teoria quantitativa da moeda. A velocidade renda de circulação da moeda é aparentemente variavel, mas se considerarmos a renda permanente, a velocidade é constante como previsto pela teoria quantitavia.
Além disto a teoria quantitativa é auma teoria simples( portanto mais atraente para os monetaristas que teorias complexass) e tem um apelo popular. Seria uma teoria consistente com o passado feudal da moeda, quando os senhores feudais diminuiam a quantidade de metal precioso das moedas em circulação e desvalorizariam estas moedas criando inflação.
Harry Johnson da Universidade de Chicago tenta compatibilizar a teoria quantitativa da moeda e as teorias neoclassicas, onde o aumento de moeda não causa necessariamente inflação, afirmamdo que a teoria quantitativa é valida em paises onde o mercado de capitais não existe ou é muito rudimentarl E a teoria neoclassica seria valida para ospaises contemporaneos onde existe um mercado de capitais que oferece diversos ativos que concorrem com o ativo dinheiro.
O artigo abaixo do Tobin mostra o ponto de vista neoclassico e as consequencias de uma politica monetaria sobre o preço dos ativos concorrentes , o nivel de atividade e o nivel geral de preços.
Abaixo , uma tradução livre de parte do artigo do Tobin. É preciso que o aluno leia o artigo na integra.

1. Introduction.

A teoria monetária surge para a teoria econômica mais geral como um verdadeiro problema ainda longe de ser solucionado. A aplicabilidade de conceitos básicos em Economia, em especial de conceitos de maximização na explicação de como os recursos são alocados, ainda são extremamente falhos no que se refere à parcela monetária.

Na verdade, a teoria clássica tem pouco espaço para a moeda como objeto de interesse. Em um mundo de competição perfeita, onde inexistem custos de transação, de transporte ou de obtenção de informação, não é razoável supor que pedaços de papel e de metal gerem alguma utilidade (a menos que seja a utilidade específica de um numismata!) e por isso, não há motivos para que sejam retidos. Mas eles o são. O desenvolvimento posterior da teoria econômica, ao incluir problemas como o de assimetria de informação, custos de transação e de transportes etc., pela primeira vez deu um espaço para que a teoria monetária se introduzisse como uma necessidade teórica. O exemplo mais claro talvez seja o desenvolvimento da teoria de escolha envolvendo risco: a existência de aversão ao risco e diversificação dos ativos pessoais por meio de portfólios envolve necessariamente a alocação de riqueza na forma de dinheiro, de moeda.

Nesse novo contexto, Tobin põe em evidência a necessidade da elaboração de uma teoria monetária ligada ao estudo dos ativos de forma geral. Tal teoria necessariamente envolve o lado real da economia, a partir do qual vem a renda a ser transformada em riqueza e alocada entre ativos diversos, e o lado monetário, devendo envolver todos os estoques de riqueza, como moeda e capital. É fundamental observar aqui que tal teoria deverá lidar de um lado com fluxos e, de outro, com estoques.



2. The Capital Account in Aggregative Models.

O desenvolvimento de uma teoria monetária robusta requer, em primeiro lugar, a definição da composição da riqueza; em conseqüência, deve envolver a especificação explícita das formas não-monetárias que tal riqueza pode assumir e delinear quais são as formas monetárias de riqueza de que tratará o modelo (moeda, títulos de curto e longo prazo etc.).

Além disso, outro problema recorrente nas análises monetárias atuais é a confusão que se faz entre meios de pagamento e débitos do governo (na forma de moeda emitida – lembrar que o PMPP é um passivo do BC) – segundo Tobin, muita discussão poderia ter sido evitada pelo reconhecimento de que os bancos criam meios de pagamento.

Por fim, outro problema recorrente das análises monetárias é considerar a oferta monetária como algo exogenamente determinado pelas autoridades competentes. Na verdade, acabamos de observar que parte dos meios de pagamento é criada justamente pelos bancos comerciais, de forma que a simplificação acima já deixa de valer. Além disso, é verdade que um Banco Central eficiente é capaz de determinar uma oferta monetária em concordância com seus propósitos, mas deve ser tarefa de uma teoria monetária explicar como ele o faz.

O autor trata, então, de dois modelos relativos à teoria monetária: o Keynesiano e aquele desenvolvido a partir das idéias clássicas pelos modernos teóricos quantitativos da moeda.



a. Modelo Keyesiano.

Keynes assume a existência de cinco tipos de ativos na economia: 1) demanda por débitos do governo principalmente na forma de meios de pagamento; 2) depósitos bancários; 3) títulos públicos de longo prazo; 4) capital físico e 5) débitos privados, atuando como uma espécie de título público.

Keynes seguiu a idéia clássica da existência de uma taxa de juros de equilíbrio para os diversos ativos em função de concorrerem em um mercado competitivo. A taxa de retorno ao capital, por esta medida de arbitragem entre os diversos ativos, é também observada como constante e proporcional aos retornos dos demais ativos. Além disso, a taxa de retorno da moeda e dos depósitos bancários é zero por determinação do governo.

É importante observar aqui que Keynes não afirmava que as taxas de retorno dos títulos eram todas iguais entre si para garantir a existência de um equilíbrio. Na verdade, cada tipo de ativo possui características próprias, como risco diferenciado. O que se faz é assumir que as diferenças entre as taxas de retorno permanecem constantes ao longo do tempo e que refletem estas características peculiares de cada ativo, de forma que se chega a uma situação equilibrada entre eles.

A teoria monetária Keynesiana baseava-se, portanto, na explicação do por que existem diferenças entre a taxa de retorno da moeda (zero) e a taxa de retorno geral dos títulos. Isto se deve, no modelo por ele desenvolvido, à preferência pela liquides dos agentes e sua relação com a referida taxa de juros genérica.



b. Modelo moeda-capital.

Outra escola de pensamento, baseada principalmente nos clássicos, aborda a teoria monetária partindo do princípio que existem apenas dois tipos de ativos na economia: moeda e capital. Como no curto prazo o capital é fixo, sua produtividade também será fixa, de tal maneira que a taxa de retorno ao capital investido é constante. Se a taxa de retorno do capital é constante e os agentes têm à sua disposição apenas moeda e capital entre os quais alocar sua riqueza, a demanda por moeda também será uma constante, ou seja, há a teorização de que a velocidade de circulação da moeda é constante. Alterações na velocidade de circulação da moeda ocorreriam apenas se houvesse um excesso de oferta de moeda (por exemplo por meio de um financiamento inflacionário do governo), o que faria com que os indivíduos tivessem mais moeda do que o necessário ou o desejado (buscando livrar-se da moeda, aumentam sua velocidade de circulação).

Uma modelagem mais moderna deste esquema é apresentada pelo próprio Tobin.

Neste modelo, novamente existem apenas dois ativos: moeda e capital. Os agentes alocam suas riquezas entre esses dois ativos dependendo do volumo de transações e da taxa de retorno do capital. A taxa de retorno do capital agora não é mais assumida como constante, como no modelo anterior, mas como uma função da utilização do capital (ou seja, relacionado à produtividade deste capital no curto prazo). Além disso, a taxa de retorno do capital difere da taxa de retorno da moeda (zero); a magnitude desta diferença dependerá da oferta relativa de capital e de moeda.

Tobin observa que este modelo poderia ainda incluir outros tipos de ativos, como títulos da dívida pública e privada de curto ou longo prazo. Seria necessário apenas definir estes ativos como ativos monetários perfeitamente substituíveis entre si e com a moeda, embora não sejam perfeitamente substituíveis com o capital (já que prevalece a taxa de retorno diferenciada descrita acima).



3. Towards a Synthesis.

Dadas as características positivas dessas duas abordagens, Tobin propõe uma síntese entre elas. A principal característica de tal síntese seria definir a estrutura das taxas de retorno dos diferentes ativos como o aspecto teórico mais relevante: tais taxas deveriam variar entre zero (retorno da moeda) e taxa de retorno do capital. Entre os ativos que não são substitutos perfeitos, a taxa de juros variaria de acordo com a oferta relativa de cada um deles. Em última análise, o grande determinante para explicar a demanda do público por moeda seria a taxa de retorno do capital, uma medida da produtividade deste estoque na economia.

Ainda há muito por desenvolver no campo da teoria monetária. No entanto, Tobin evidencia a necessidade de se abordarem alguns aspectos relevantes básicos.

Para a economia norte-americana há quatro tipos de ativos constituintes da riqueza que têm de ser considerados em uma análise séria: 1) demanda por débito público (PPMP); 2) débito público de curto prazo; 3) débito público de longo prazo; 4) estoque de capital. Além disso, há necessidade de se considerar dois ativos intermediários: depósitos bancários e dívida privada.

Quanto a esses ativos diversos, há duas taxas de retorno fixadas: zero para a moeda e um valor pré-determinado para as reservas bancárias. As demais taxas são determinadas naquele continuum de taxas descrito acima: são as taxas de retorno dos títulos de curto e longo prazo, da dívida privada e do retorno do estoque de capital.

Como existe uma restrição orçamentária (riqueza que pode ser alocada entre os diversos tipos de ativo), é possível determinar endogenamente todas as taxas relevantes para o modelo, desenvolvendo, assim, uma teoria monetária mais completa.

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